quarta-feira, 9 de abril de 2014

Coluna mostra a tecnologia utilizada para fazer a previsão do tempo

Cientistas fatiaram a atmosfera em trilhões de pontos de medição.
Computador faz 250 trilhões de cálculos por segundo.

Alan Severiano Nova York, EUA

 
 
Há uma artilharia de satélites, radares, telescópios e supercomputadores por trás da previsão do tempo. A alta tecnologia vai muito além de saber se choverá ou fará sol.
O primeiro passo é recolher as informações de temperatura, umidade, velocidade dos ventos e pressão atmosférica. "Para o estado do tempo de algumas horas, a informação da redondeza é muito util. Mas se você quer previsão do tempo pra um futuro mais distante, como amanhã até o final de semana, você precisa de informações de toda a Terra", diz diz José Antonio Aravéquia, chefe da Divisão de Operações do CPTEC/INPE.
Os cientistas fatiaram a atmosfera em trilhões de pontos de medição. As informações são captadas também por estações metereológicas ao redor do globo, radares, boias oceânicas e balões meteorológicos. Até os aviões ajudam. Equipamentos instalados do bico das aeronaves fazem milhares de medições e as enviam em tempo real para centros de previsão.
O INPE recebe 160 milhões de informações a cada segundo. A cada segundo precisa fazer 258 trilhões de contas. Não basta um bom computador. É preciso um supercomputador. O supercomputador pode ser impressionante, mas não é uma máquina de fazer previsão do tempo. É uma ferramenta na mão dos meteorologistas. Mas precisa ser uma ferramenta poderosa porque existem milhões de cálculos para entender o que existe por traz de uma tempestade e antecipar quando e onde ela vai se formar.
Em 1994, quando o INPE começou esse trabalho, as previsões eram feitas para áreas que mediam 200km x 200km. Hoje, a resolução é de 5km x 5km. "Para você ter uma resolução melhor, uma qualidade maior e fazer uma previsão de confiabilidade, você precisa de equipamentos que consigam fazer esses cálculos em tempo adequado", Wander Mendes, técnico do INPE.

Essa tecnologia toda é usada para prever o que acontece na atmosfera, a camada que vai do chão até 15 quilômetros de altura. Mas o que acontece nos 150 milhões de quilômetros até o sol? Esse espaço tem muito mais do que vácuo. A cada explosão no sol, nós somos bombardeados por radiação, ventos solares carregados de partículas que mexem no campo magnético da Terra. Nada disso prejudica o nosso corpo, mas afeta a nossa vida tecnológica.
Uma explosão lança no espaço labaredas de 50 milhões de quilômetros de extensão. "Quando o ambiente espacial em volta da Terra fica totalmente perturbado. Ocorrem erros no GPS muito maiores do que aqueles que nós temos. Ocorrem erros em sistemas tecnológicos causados por erros de comunição com satélites que estão orbitando a terra", diz Clezio de Nardin, gerente do Programa de Clima Espacial do INPE.
Uma artilharia formada por satélites, radares e telescópios consegue medir a quantidade de partículas solares que viajam em direção à Terra. O INPE prevê onde, quando e com que intensidade vamos ser atingidos. Quem usa GPS no carro já pode ter sentido os efeitos.
Quando a densidade das partículas aumenta, há atraso da viagem das ondas entre o GPS e o satélite. Ele pode sair do ar ou errar a localização por mais de cem metros e deixar o motorista perdido. As plataformas que retiram petróleo de águas profundas também são orientadas por satélite. Elas não são ancoradas. A posição é mantida por rebocadores guiados por GPS. A posição tem que ser precisa para não romper os tubos que trazem o óleo para a superfície.
Os alertas de tempestade solar são fundamentais também para os pilotos de aviões que cruzam a região em torno dos polos Norte e Sul durante o bombardeio de partículas solares. "O piloto não consegue se comunicar com a torre. Não significa que ele está perdido, não significa que vai ocorrer uma tragédia. Nada. Basicamente, ele simplesmente fica sem comunicação. Se ele seguir na sua trajetória, ele vai voltar a se comunicar assim que ele sair da região de aurora", diz Nardin.

A boa notícia é que a poeira solar reflete a luz de um jeito próprio e forma a aurora boeral.